A atuação e papel do Fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

A atuação do Fisioterapeuta nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) está balizada pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 07 de 2.010, onde os parâmetros quantitativos (número de leitos/profissional e número de horas/dia), além do qualitativos (formação), estão bem definitos.

O papel do fisioterapeuta dentro das UTIs não se limita apenas as suas áreas de domínio especifico como a cinésio, eletro e termoterapia.

Neste ambiente o fisioterapeuta compartilha a responsabilidade do manejo do Suporte Ventilatório (Respiradores), seja ele invasivo ou não invasivo, principalmente no que tange ao diagnóstico e manejo da mecânica ventiladora, balizados pela leitura de grandezas como a Complacência, Resistência e Elasticidade.

É de plena responsabilidade do Fisioterapeuta o ajuste de forma mais confortável e menos lesiva ao paciente, na relação dele com o Ventilador Mecânico e da mesma maneira é da responsabilidade do Fisioterapeuta devolver a função de respirar ao paciente, uma ato comumente conhecido como “desmame da ventilação mecânica”.

Os pacientes internados numa UTI, tem como grande inimigo a perda de força muscular, em geral decorrente do desuso da musculatura, somados ao uso de sedativos ou bloqueadores neuro musculares, alem de um arsenal de outros medicamentos necessários porem lesivos e indutores da Polineuropatia, razão pela qual o Fisioterapeuta passa a assumir a responsabilidade de evitar ou minimizar o impacto destes fatores agressivos a função musculoesquelitica, de forma a devolver o indivíduo em melhores condições a sociedade, reduzindo a reinternação e permitindo uma re-socializaçao e reintegração funcional.

Nos pacientes portadores de COVID 19, o papel do fisioterapeuta em grau de importância e necessidade, em nada se difere dos demais pacientes habituais das UTIs, exceto pelo fato destes pacientes apresentarem insuficiência respiratória de forma mais célere e aguda, além do excesso de contingência denotado ao longo da existência da COVID19, razão pela qual o Fisioterapeuta passa a ser necessário e indispensável, não somente nas 18 horas estabelecidas na RDC da ANISA 07/2.010 e sim também nas 24 horas, nos 7 dias da semana.

Finalmente vale dizer que a Fisioterapia se estabeleceu e demonstrou seu grau de importância durante a Epidemia de Poliomielite em 1.956, que teve seu epicentro na cidade de Estocolmo na Suécia e na America do Sul em Buenos Aires, foi nesta oportunidade que o Fisioterapeuta Prof. Dr. Alfredo Cuello desenvolveu e mostrou ao mundo a importância da Fisioterapia.

No Brasil a primeira UTI nasce em 1.971 no Hospital Sírio Libanês em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Fisioterapia Respiratória (SOBRAFIR, hoje ASSOBRAFIR) surge em 1.986 e a primeira Pos Graduação em Fisioterapia nesta área no Brasil foi em 1.989 sob a Coordenação do Prof. Dr. Alfredo Cuello e minha, na Universidade Tuiuti do Paraná.

Assim esta especialidade como modalidade de Pós Graduação acaba de completar 30 anos, temos muito a crescer, temos muito a aprender, mas temos muito a ensinar.

Uma honra e um privilégio fazer parte desta história.

 

Por Dr.Esperidião Elias Aquim
Fisioterapeuta, presidente da Prófisio Faculdade Inspirar, é doutor em Medicina Física.
Junto com o prof. Dr.Alfredo Cuello coordenou a primeira Pós-graduação em Fisioterapia Respiratória no Brasil, em 1989, em Curitiba.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *