Espirometria

A espirometria ou também conhecida prova de função pulmonar é um exame que permite avaliar a função respiratória através da quantificação dos volumes respiratórios, fluxo e tempo, isto é possível através da mensuração do ar que entra e sai dos pulmões.

É um teste rápido, indolor, capaz de indicar “doenças pulmonares silenciosas” sendo indicado de forma preventiva na medicina ocupacional em exames admissionais e periódicos, possibilitando diagnósticos precoces em pacientes assintomáticos, como por exemplo um distúrbio ventilatório restritivo em pacientes obesos ou distúrbio ventilatório obstrutivo em pacientes fumantes que não apresentam nenhum sintoma inicial, essencial no acompanhamento dos pacientes asmáticos, DPOC, pré e pós operatórios em geral.

Além dos diagnósticos clínicos utilizados pelo médico, como já citados, a espirometria é uma ferramenta utilizada pelo fisioterapeuta no diagnostico cinesiofuncional, possibilitando estratégias e objetivos de reabilitação a curto, médio e longo prazo, também utilizada como biofeedback visual durante a sessão de treinamento funcional respiratório, possibilitando aos pacientes um melhor aprendizado e evoluções diárias das técnicas utilizadas.

A excelência do teste demanda uma boa técnica de comunicação do profissional e da colaboração do paciente, apesar de ser um exame simples que consiste basicamente em puxar e soltar o ar de forma rápida e continua por um bocal conectado em uma aparelho, a literatura nos mostra que em média 70% dos técnicos no Brasil realizam de forma errada, isso pode estar correlacionado ao fato de muitos dos técnicos receberem o treinamento rápido e sem acompanhamento dos próprios profissionais que solicitam.

Este impacto poderia ser diminuído se fosse realizado por fisioterapeutas uma vez que os mesmos detêm conhecimentos de técnicas que podem facilitar a compreensão do sopro forçado e continuo dento dos padrões anatômicos e fisiológicos da função pulmonar.

É importante salientar que a manobra leva o paciente aos dois extremos, uma inspiração máxima total  ( VC = volume corrente +  VRI = volume de reserva inspiratória ) seguida de uma expiração máxima forçada (VRE = volume de reserva expiratória), a falha no comando em qualquer uma das duas fases podem resultar em valores abaixo da normalidade e induzir a um falso teste.

Ao observar o gráfico abaixo e analisar o quanto representa percentualmente cada fase do ciclo respiratório, aceitar que o paciente ou o técnico realizem de forma errônea uma delas, é a certeza de um resultado errado.

INTERPRETAÇÃO DO RESULTADO

Os valores da espirometria variam de acordo com peso, idade, altura, sexo, biotipo da pessoa, por esse motivo os dados antropométricos devem ser sempre checados no momento do exame.

A espirometria simples ou ocupacional é realizada sem uso de agentes broncodilatadores, já as provas de funções pulmonares levam a aplicação dos broncodilatadores.

O laudo de diagnósticos clínicos devem sempre ser interpretados pelo médico, já os diagnósticos cinesiofuncinais pelo fisioterapeuta. A interpretação deve levar em consideração tantos os valores de cada parâmetro em percentual e as curvas fluxo-volume e volume-tempo, também é importante classificar a gravidade que pode ir de leve a gravíssima.

  • Volume Expiratório Forçado (VEF1): representa a quantidade de ar expirado no primeiro segundo, e por isso, quando está abaixo dos valores de normalidade pode indicar presença de distúrbios obstrutivos.
  • Capacidade vital forçada (CVF): representa a quantidade total de ar que se consegue expirar, quando está abaixo dos valores de normalidade pode sugerir a presença de doenças pulmonares que dificultam a expansão do pulmão, com possíveis distúrbios restritivos.

 

Abaixo um exemplo da curva de Distúrbio Obstrutivo.

 

A seguir um exemplo da curva de um laudo normal.

 

 

Por Flávia Makoski Ciescilivski

Fisioterapeuta Especialista em Terapia Intensiva e Fisioterapia Uroginecologia, Proctologia e Disfunções Sexuais
Gestora Administrativa da Franquia Prófisio no Hospital Marcelino Champagnat – Curitiba – Fisioterapeuta atuante junto a equipe do Check-up (Avaliação Funcional Fisioterapêutica e Testes de Função Pulmonar).
Professora e Coordenadora adjunta da Faculdade Inspirar do Curso de Pós Graduação de Fisioterapia Pélvica – Anápolis / Goiás
Mestranda pela UFPR/Faculdade Inspirar – Clínica Cirúrgica

 

REFERÊNCIAS

  • Costa, D. e Jarnarni, M. BASES FUNDAMENTAIS DA ESPIROMETRIA. Rev. bras. fisioter. Vol. 5 No. 2 (2001), 95-102.

Escalas de avaliação da qualidade de sono em pacientes críticos – uma ferramenta para a melhoria no cuidado

O sono é um processo essencial para o descanso, reparação, bem estar, preservação da homeostase e equilíbrio de diferentes sistemas corporais.

Consistindo em um processo ativo que envolve múltiplos e complexos mecanismos fisiológicos e comportamentais do sistema nervoso central (SNC).

É regulado por mecanismos cicardianos, ou seja, um ciclo de 24 horas sobre o qual se baseia o “relógio biológico” de quase todos os seres vivos.

Este ciclo tende a ser sincronizado com as 24 horas do dia por estímulos, predominantemente, pela exposição a luminosidade.

O sono do paciente crítico é um assunto de crescente interesse, e diversos estudos apontam que o sono na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é caracterizado pela sua baixa qualidade, contribuindo para a morbidade destes pacientes.

Dentre as causas de privação de sono na UTI estão fatores intrínsecos aos pacientes e a condição de sua doença, bem como fatores relacionados ao ambiente da UTI e ao tratamento em curso, como o suporte ventilatório, a terapia medicamentosa, os cuidados da equipe de multidisciplinar, os ruídos de monitores e a luminosidade do ambiente.

 

 

A polisonografia (PSG), exame padrão ouro para avaliar alterações do sono, demonstrou que estes distúrbios são caracterizados por fragmentação do sono, com despertar frequente.

A arquitetura do sono sofre maior alteração nos períodos iniciais do sono gerando também na redução na porcentagem de sono profundo e reparador.

Por outro lado, a aplicação de questionários para avaliar subjetivamente o sono de pacientes internados em UTI vem ganhando destaques na literatura, de fácil aplicação às escalas podem ser utilizadas por qualquer profissional da saúde.

O Richards – Campbell Questionnaire (RCSQ) que avalia o sono a partir de 5 dimensões: profundidade, latência, fragmentação, tempo para retomada e qualidade do sono.

As respostas são registradas em uma escala analógica visual de 100mm, onde resultados mais altos representam um sono de maior qualidade.

Já o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI) avalia a qualidade do sono através de 19 questões de auto-relato graduados com score de 0 (nenhuma dificuldade) a três (dificuldade grave).

A Sleep in the Intensive Care Unit Questionnaire, com 27 itens, avalia o sono em 4 dimensões: qualidade; fatores disruptivos causados pela equipe de cuidados; fatores disruptivos de origem ambiental e sonolência diurna.

A possibilidade de pontuar individualmente o papel de uma série de perturbações do sono decorrentes do ambiente de UTI torna estes questionários uma ferramenta que auxilia os profissionais da saúde a identificar, corrigir e avaliar a eficácia das intervenções, promovendo melhorias na qualidade de sono do paciente crítico e atuando diretamente em sua recuperação.

 

Por Luana Caroline Kmita
Graduada em Fisioterapia pela Uniguaçu
Pós graduada em Terapia Intensiva pela Faculdade Inspirar
Mestre em Fisiologia Humana pela UFPR – laboratório de neurofisiologia, ênfase em distúrbios de sono na doença de Parkinson.
Fisioterapeuta Intensivista Prófisio – Hospital Vita Batel.

 

Referências

  • Beltrami FG et al. Sono na Unidade de Terapia Intensiva. J Bras Pneumol. 2015;41(6):539-546.
  • Bourne RS et al. Clinical review: Sleep measurement in critical care patients: research and clinical implications. Critical Care200711:226
  • Hamze FL; Souza CC; ChiancaTCM. Influência das intervenções assistenciais na continuidade do sono de pacientes em unidade de terapia intensivaRev. Latino-Am. Enfermagem set.-out. 2015;23(5):789-96
  • Orwelius L et al. Prevalence of sleep disturbances and long-term reduced health-related quality of life after critical care: a prospective multicenter cohort study. Critical Care200812:R97
  • Togeiro SMGP; Smith AK. Diagnostics methods for sleep disorders. Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(Supl I):8-15
  • Araujo, PAB et al. Índice da qualidade de sono de Pittsburgh para uso na reabilitação cardiopulmonar e metabólica. Rev Bras Med Esporte – Vol. 21, No 6 – Nov/Dez, 2015