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Terapia por estimulação vibratória: horizontes de um recurso pouco explorado na Fisioterapia.

A terapia por estimulação vibratória é uma técnica fisioterapêutica que tem como principal efeito a modulação da excitabilidade dos motoneurônios.

Isto ocorre por meio do aumento do influxo aferente final do fuso muscular primário, o que acaba por permitir a contração muscular reflexa, também conhecido por reflexo tônico de vibração.

Apesar de ainda não se tratar de uma prática frequente nos ambulatórios, o uso da vibração na área de reabilitação Neurológica começou a ser estudado em 1880, pelo neurologista francês Jean – Martin Charcot, que observou que os pacientes com doença de Parkinson apresentavam melhora na redução do tremor após passeios à cavalo ou viagens de trem, e como meio de tratamento criou a primeira cadeira vibratória.

A terapia de vibração do corpo inteiro, tem se mostrado capaz de estimular o metabolismo ósseo, evitando o declínio da força óssea e auxiliando também no tratamento da Osteoporose.

Atualmente a forma de aplicação pode ser dividida em segmentar (local) ou global (vibração do corpo inteiro, por meio de uma plataforma).

O recurso é utilizado em várias áreas da Fisioterapia, como na Ortopedia, na Respiratória, na Dermatofuncional, na Neurofuncional.

Sua terapêutica traz como resultado aumento da força e profilaxia da hipotrofia em musculatura afetada, treino de propriocepção, auxílio da higiene brônquica por meio da tixotropia.

Por ativar regiões do sistema nervoso central, quando aplicada em pacientes com distúrbios do movimento como a espasticidade, provoca efeitos de relaxamento e inibição dos episódios espásticos.

 

Protocolos

Por se tratar de uma prática ainda pouco conhecida e utilizada, os protocolos de aplicação variam bastante.

De forma geral, a Frequência da plataforma vibratória é de 20 a 40Hz, Amplitude de 2 a 4mm e duração de vibração de 30 segundos a 20 minutos.

Para estimulação vibratória segmentar podemos dividir pelo objetivo, como: melhora da espasticidade frequência de 60 a 100Hz, amplitude de 0,2 à 2,2mm, podendo ser realizada sobre o tendão ou músculo, com duração de 5 a 30 minutos.

Já para melhora da força muscular a frequência fica entre 10 e 50Hz, amplitude de 0,7 à 14mm, sendo aplicada no músculo fraco por curtos períodos.

Para ajustar os parâmetros, deve-se lembrar que cada organismo responde de modo extremamente específico a suas variações.

 

Caso clínico

Para ilustrar a aplicação na área da neurofuncional, trago um caso de um paciente que apresenta hemiparesia à direita com predomínio braquial, por sequela de um acidente vascular encefálico em artéria cerebral média esquerda.

Neste paciente, poderia ser aplicado a terapia de vibração segmentar no tendão do músculo tríceps braquial, e no tendão dos extensores do punho, com uma frequência de 60Hz, Amplitude de 2, por 5 minutos, com intuito de  reduzir a hipertonia e hiper-reflexia do bíceps braquial e flexores do punho, modulando a espasticidade fazendo com que o paciente consiga controlar melhor seus movimentos, para assim realizar outras atividades propostas na terapia.

Este mesmo paciente, ao realizar a plataforma vibratória, com uma frequência de 30Hz, Amplitude de 2mm, por 3 minutos sendo realizada junto com exercícios de transferência de peso, tem como objetivo melhora da simetria postural e posteriormente melhora da marcha. Vale lembrar que se o interesse for ativação ou controle muscular, pode-se aplicar o estímulo vibratório em conjunto com a tarefa proposta ao paciente. Isso pode potencializar o resultado, acelerando sua recuperação funcional.

Como em outros recursos da Fisioterapia, a terapia por estimulação vibratória apresenta algumas contra-indicações:  para pessoas que possuem implantes metálicos ou sintéticos (marca-passos, válvulas cardíacas, etc); inflamações agudas; infecções ou febre; artrite reumatóide aguda.

Também deve-se ter precauções ao uso em pessoas que apresentem trombose agudas ou agravamento de ataques cardíacos; gestantes; osteoporose; tumores; e vertigem.

Dessa forma, com entendimento das indicações e contra-indicações do recurso, é possível oferecer uma nova opção segura e eficiente para os nossos pacientes. Sem dúvidas, é importante também, estar sempre em acordo com os objetivos terapêuticos, pessoais e funcionais dos pacientes.

 

Por Letícia Wohlgemuth Molenda
Fisioterapeuta Prófisio – Hospital de Reabilitação
Pós graduada em Fisioterapia em Terapia Intensiva – Faculdade Inspirar; Pós graduanda em Fisioterapia Neurofuncional Adulto – Faculdade Inspirar.

 

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