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Avaliação do paciente com Parkinson

A Doença de Parkinson (DP) é progressiva e neurodegenerativa, incapacitando o indivíduo em grande parte das AVD’s e também em suas funções cognitivas, conforme a doença vai avançando. Os sintomas motores envolvem tremor, bradicinesia, rigidez e instabilidade postural¹. Dentro das incapacidades adquiridas, existem avaliações específicas para mensurar o grau de comprometimento de cada paciente.

O tremor e a bradicinesia geralmente são causados por diminuição da função dos neurônios dopaminérgicos e geram dificuldades na execução de diversas atividades, como alimentação e auto-cuidados. Sua influência nas atividades pode ser avaliada por meio da escala UPDRS (Unified Parkinson’s Disease Rating Scale)²

A bradicinesia é o principal sintoma da DP e geralmente é acompanhada pela diminuição de força muscular, o que aumenta as chances de queda. Quando associada à instabilidade postural, dificulta a pessoa com DP a deambular sem supervisão ou sem meio auxiliar de deambulação.
Alguns testes já validados para DP são utilizados para avaliar a mobilidade funcional, como TUG (Time Up and Go)³ e o equilíbrio estático e dinâmico, como mini BESTest (Balance Evaluation Systems Test)4. O TUG ainda pode ser associado à dupla tarefa cognitiva ou motora, o que confere maior relevância clínica para um teste relativamente fácil de ser executado. Caso seja percebido a necessidade de avaliação específica das capacidades cognitivas, o MoCA (Montreal Cognitive Assessment) poderá ser utilizado5.

A diminuição de força também aumenta os riscos de doenças respiratórias pela fraqueza do músculo diafragma e dos intercostais, e a espirometria entra em cena para avaliar a pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx) que tem valores de referências padrão para homens e mulheres hígidos e variando com a idade6. Essas pressões avaliadas irão demonstrar o nível de capacidade de força dos músculos inspiratórios e expiratórios, respectivamente, permitindo ao profissional identificar o nível de intervenção terapêutica para cada paciente.
Por fim, uma opção para avaliação de qualidade de vida e vida comunitária é o PDQ-39 (Parkinson’s Disease Questionnaire-39)7, lembrando sempre que a funcionalidade é proporcional a qualidade de vida.

É importante ter em mente que independentemente da predominância do sintoma, a avaliação sempre guiará a intervenção. Com relação ao tratamento, além da parte medicamentosa, estudos vigentes buscam utilizar atividades físicas para aumentar as opções terapêuticas e, neste sentido, a Fisioterapia se torna fundamental.

 

Por Francielle Costa Valle
Pós graduada em Terapia Intensiva – Faculdade Inspirar;
Pós graduanda em Fisioterapia Neurofuncional – Faculdade Inspirar;
Fisioterapeuta na empresa Prófisio.

Referências

1. Postuma, et al. MDS Clinical Diagnostic Criteria for Parkinson’s Disease. MovementDisorders, Vol. 30, No. 12, 2015
2. Goetz, et al. Movement Disorder Society-sponsored revision of the Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (MDS –UPDRS): Scale presentation and Clinimetric Testing Results. Mov Disord. 2008 Nov 15;23(15):2129-70.
3. Brusse, et al. Testing Functional Performance in People with Parkinson Disease. Phys Ther. 2005 Feb;85(2):134-41.
4. Leddy, et al. Utility of the Mini-BEST Test, BEST-test and BEST-test Sections for Balance Assessments in Individuals With Parkinson Disease. J Neurol Phys Ther. 2011 Jun;35(2):90-7.
5. Sobreira, Emmanuelle. et al. Rastreio de comprometimento cognitivo em pacientes com doença de Parkinson: validade diagnóstica das versões brasileiras da Montreal Cognitive Assessment e do Addenbrooke’s Cognitive Examination-Revised. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 2015, vol.73, n.11, pp.929-933.
6. Pereira, et al. New reference values for forced spirometry in white adults in Brazil. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2006.
7. Fitzpatrick, et al. Distribution- based Criteria for Chance in Health-Related Quality of Life in Parkinson’s Disease. J Clin Epidemiol. 2004 Jan; 57 (1) 40-4.