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Escalas de avaliação da qualidade de sono em pacientes críticos – uma ferramenta para a melhoria no cuidado

O sono é um processo essencial para o descanso, reparação, bem estar, preservação da homeostase e equilíbrio de diferentes sistemas corporais.

Consistindo em um processo ativo que envolve múltiplos e complexos mecanismos fisiológicos e comportamentais do sistema nervoso central (SNC).

É regulado por mecanismos cicardianos, ou seja, um ciclo de 24 horas sobre o qual se baseia o “relógio biológico” de quase todos os seres vivos.

Este ciclo tende a ser sincronizado com as 24 horas do dia por estímulos, predominantemente, pela exposição a luminosidade.

O sono do paciente crítico é um assunto de crescente interesse, e diversos estudos apontam que o sono na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é caracterizado pela sua baixa qualidade, contribuindo para a morbidade destes pacientes.

Dentre as causas de privação de sono na UTI estão fatores intrínsecos aos pacientes e a condição de sua doença, bem como fatores relacionados ao ambiente da UTI e ao tratamento em curso, como o suporte ventilatório, a terapia medicamentosa, os cuidados da equipe de multidisciplinar, os ruídos de monitores e a luminosidade do ambiente.

 

 

A polisonografia (PSG), exame padrão ouro para avaliar alterações do sono, demonstrou que estes distúrbios são caracterizados por fragmentação do sono, com despertar frequente.

A arquitetura do sono sofre maior alteração nos períodos iniciais do sono gerando também na redução na porcentagem de sono profundo e reparador.

Por outro lado, a aplicação de questionários para avaliar subjetivamente o sono de pacientes internados em UTI vem ganhando destaques na literatura, de fácil aplicação às escalas podem ser utilizadas por qualquer profissional da saúde.

O Richards – Campbell Questionnaire (RCSQ) que avalia o sono a partir de 5 dimensões: profundidade, latência, fragmentação, tempo para retomada e qualidade do sono.

As respostas são registradas em uma escala analógica visual de 100mm, onde resultados mais altos representam um sono de maior qualidade.

Já o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI) avalia a qualidade do sono através de 19 questões de auto-relato graduados com score de 0 (nenhuma dificuldade) a três (dificuldade grave).

A Sleep in the Intensive Care Unit Questionnaire, com 27 itens, avalia o sono em 4 dimensões: qualidade; fatores disruptivos causados pela equipe de cuidados; fatores disruptivos de origem ambiental e sonolência diurna.

A possibilidade de pontuar individualmente o papel de uma série de perturbações do sono decorrentes do ambiente de UTI torna estes questionários uma ferramenta que auxilia os profissionais da saúde a identificar, corrigir e avaliar a eficácia das intervenções, promovendo melhorias na qualidade de sono do paciente crítico e atuando diretamente em sua recuperação.

 

Por Luana Caroline Kmita
Graduada em Fisioterapia pela Uniguaçu
Pós graduada em Terapia Intensiva pela Faculdade Inspirar
Mestre em Fisiologia Humana pela UFPR – laboratório de neurofisiologia, ênfase em distúrbios de sono na doença de Parkinson.
Fisioterapeuta Intensivista Prófisio – Hospital Vita Batel.

 

Referências

  • Beltrami FG et al. Sono na Unidade de Terapia Intensiva. J Bras Pneumol. 2015;41(6):539-546.
  • Bourne RS et al. Clinical review: Sleep measurement in critical care patients: research and clinical implications. Critical Care200711:226
  • Hamze FL; Souza CC; ChiancaTCM. Influência das intervenções assistenciais na continuidade do sono de pacientes em unidade de terapia intensivaRev. Latino-Am. Enfermagem set.-out. 2015;23(5):789-96
  • Orwelius L et al. Prevalence of sleep disturbances and long-term reduced health-related quality of life after critical care: a prospective multicenter cohort study. Critical Care200812:R97
  • Togeiro SMGP; Smith AK. Diagnostics methods for sleep disorders. Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(Supl I):8-15
  • Araujo, PAB et al. Índice da qualidade de sono de Pittsburgh para uso na reabilitação cardiopulmonar e metabólica. Rev Bras Med Esporte – Vol. 21, No 6 – Nov/Dez, 2015