Fisioterapia na prevenção do tromboembolismo venoso
O Tromboembolismo Venoso (TEV), consiste na formação de um coágulo sanguíneo (trombo), geralmente originado nos membros inferiores.
Pode ser apresentado em duas formas mais frequentes:
- a trombose venosa profunda (TVP) – quando o coágulo formado obstrui a passagem sanguínea em veias dos membros inferiores;
- o tromboembolismo pulmonar (TEP), quando o coágulo sanguíneo se desloca e obstrui algum ponto do leito vascular pulmonar, geralmente acarretando insuficiência respiratória aguda.
Uma terceira forma e menos frequente de apresentação é a trombose venosa superficial.
A tríade de Virchow considera como fatores de desenvolvimento de tromboses os seguintes aspectos: estase sanguínea, lesão endotelial e a hipercoagulabilidade sanguínea.
Para a prevenção dessa afecção é necessário atuar diretamente combatendo esses três fatores.
A fisioterapia atua diretamente na prevenção e/ou minimização de estase sanguínea, além de participar ativamente no processo educacional destinado aos pacientes e familiares envolvidos no tratamento.
A TEV é a primeira causa de morte evitável em pacientes no ambiente hospitalar.
Todos os pacientes internados, sejam esses, clínicos ou cirúrgicos devem ser avaliados quanto a presença ou não de fatores de risco para o desenvolvimento do tromboembolismo.
Perante pacientes cirúrgicos, deve-se verificar o risco específico da cirurgia e o tipo de anestesia.
Pacientes submetidos à neurocirurgia e cirurgias cardíacas exigem medidas de prevenção diferenciadas, pelo risco de sangramento durante as mesmas.
Ao se tratar de saúde materna, existe um alto índice de tromboembolismo venoso durante a gestação, parto e puerpério, principalmente quando são submetidas a via de parto cesárea.
E em especial no Brasil, onde acontece o maior número de cesáreas no mundo. Sendo a embolia pulmonar associada a gravidez, a maior causa de morbidade e mortalidade em gestantes. 3 a cada 1000 gestações são verificados casos de TVP ou TEP.
A prevenção eficaz para eventos de tromboembolismo venoso consiste em uma avaliação multiprofissional efetiva e competente.
A avaliação consiste na estratificação de fatores de risco para o desenvolvimento da afecção sanguínea estudada. Esta deve acontecer até 24 horas após o horário da internação – e o paciente deve ser reavaliado diariamente.
Em pacientes cirúrgicos, quando possível, deve ser realizada uma pré-avaliação, que será encaminhada junto ao paciente para o centro cirúrgico, anexada ao planejamento da cirurgia.
Chama atenção a incidência de pacientes oncológicos apresentarem maior incidência de eventos tromboembolíticos. Estudos apontam que 1 a cada 5 pacientes com câncer desenvolvem TEV.
É a segunda causa de morte mais comum entre esses pacientes, eles poderiam sobreviver mais tempo se não fosse a TEV. A correlação entre câncer e tromboembolia leva em consideração o local da tumoração, o estadiamento da doença, dentre outros.
É comum de a TEV ser a primeira manifestação de doença neoplásica. Sendo denominada Síndrome de Trousseau – o tromboembolismo espontâneo associado a uma neoplasia silenciosa.
Estudos apontam que o câncer aumenta em quatro vezes a chance de o paciente desenvolver TEV; a quimioterapia aumenta esse risco para seis vezes. Mesmo quando estão com dosagem de anticoagulação completa.
Pacientes oncológicos que desenvolvem TEV tem um risco de 94% de evoluir a óbito até os 06 meses depois do episódio. Células neoplásicas podem ativar mecanismo de coagulação por diferentes meios.
Durante a estratificação dos pacientes quanto ao risco de desenvolverem TEV, esses são classificados em baixo, intermediário e alto risco – e diversos fatores são abordados.
A estratificação de risco pode ser realizada através de escalas ou escores. Os mais utilizados para a TEV são o Escore de Caprini (pacientes cirúrgicos) e Escore de Pádua (pacientes clínicos).
O profissional fisioterapeuta atua de forma contínua, estabelece protocolos e metas assistenciais, realiza avaliação funcional periódica dos pacientes, estimula mobilização precoce, movimentos passivos, realiza atividades diárias de reabilitação, orientações de posicionamento dos membros, profilaxia circulatória, estabelece frequência e distância de caminhadas, supervisiona e elabora diário de caminhada.
Vale salientar que o fisioterapeuta busca todas as medidas necessárias para a profilaxia da perda da funcionalidade e/ou estimulação da mesma, sempre visando a melhora da qualidade do internamento e da qualidade de vida.
Por Rosilene de Santana Sanches
Fisioterapeuta pela Universidade Tiradentes. Pós-graduação em cardiorrespiratória pela Faculdade Inspirar. Formação em Pilates pela Physioserv. Experiência em docência e coordenação em curso de Fisioterapia. Atualmente Fisioterapeuta no Hospital Marcelino Champagnat.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Mechanisms of venous thromboembolism in cancer: a literature review Mecanismos do tromboembolismo venoso no câncer: uma revisão da literatura. Marcos José Pereira Renni1 , Mônica Hermida Cerqueira2 , Ingrid de Araújo Trugilho1 , Mario Lúcio Cordeiro Araujo Junior1 , Marcos Arêas Marques3 , Hilton Augusto Koch4 J Vasc Bras. 2017 Out ut.-Dez.; 16(4):308-313
- Estudo TRomboEmbolismo Venoso pós-Operatório (TREVO) — risco e mortalidade por especialidade cirúrgica. Cristina Amaral a,∗, Luís Guimarães Pereiraa, Ana Moretoa, Ana Carolina Sáa, Ana Azevedo. 2017 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Publicado por Elsevier Espana, ˜ S.L.U. Todos os direitos reservados.
- Venous Thromboembolism and Route of Delivery – Review of the Literature, Matheus Schimidt Evangelista1 Karina Slompo1 Jorge Rufino Ribas Timi2, Rev Bras Ginecol Obstet, December 12, 2017
- Incidencia y factores de riesgo de enfermedad tromboembólica venosa en cirugía mayor espinal, sin profilaxis química o mecánica
- Rojas-Tomba ∗, I. Gormaz-Talavera, I.E. Menéndez-Quintanilla, J. Moriel-Durán, D. García de Quevedo-Puerta y F. Villanueva-Pareja. Servicio de Cirugía Ortopédica y Traumatología, Hospital Regional Universitario de Málaga, Málaga, Espana˜ Recibido el 24 de junio de 2015; aceptado el 19 de octubre de 2015 Disponible en Internet el 13 de enero de 2016
- Do we know how to prescribe venous thromboembolism prophylaxis to hospitalized patients? Sabemos prescrever profilaxia de tromboembolismo venoso nos pacientes internados? Bruno Abdala Candido Lopes1 *, Isabela Pizzatto Teixeira1 , Taynara Dantas de Souza1 , Jean Rodrigo Tafarel1, J Vasc Bras. 2017 Jul-Set;16(3):199-204
- Quali prospettive nel trattamento del tromboembolismo venoso dopo i risultati dello studio Hokusai-VTE Cancer?Iris Parrini1, Irma Bisceglia2 1Cardiologia, Ospedale Mauriziano, Torino 2Percorsi Cardiologici Integrati, A.O. San Camillo-Forlanini, Roma, G Ital Cardiol 2018;19(6):333-338
- PROTOCOLO TEV: Tromboembolismo Venoso Documentação Operacional HSL-PROT-CORP-006/REV.09. Protocolo do Hospital Sírio Libanês. Versão online disponível em : https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/institucional/gestao-da-qualidade/Documents/2018-11-01-protocolos/Protocolo%20TEV/Protocolo%20TEV_VF.pdf
- Incidência de trombose venosa profunda e estratificação dos grupos de risco em serviço de cirurgia vascular de hospital universitário Incidence of deep venous thrombosis and stratification of risk groups in a university hospital vascular surgery unit. Alberto Okuhara1 *, Túlio Pinho Navarro1 , Ricardo Jayme Procópio1 , José Oyama Moura de Leite2 J Vasc Bras. 2015 Abr.-Jun.; 14(2):139-144
- Avaliação da profilaxia da trombose venosa profunda em um hospital geral Evaluation of deep vein thrombosis prophylaxis in a general hospital. Fátima Cristiane Lopes Goularte Farhat1 , Hellen Caroliny Torres Gregório2 , Rafaela Durrer Parolina de Carvalho3/J Vasc Bras. 2018 Jul.-Set.;17(3):184-192