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Os benefícios da fisioterapia ao ar livre para pacientes hospitalizados

Além de todos os benefícios já conhecidos da prática de atividade física por si só, a Ciência também comprovou que a exposição a espaços verdes durante a prática de atividades físicas confere benefícios significativos para a saúde, especialmente no que se refere à função cerebral e à saúde mental.

Pesquisadores da Universidade de Essex, na Inglaterra, fizeram estudos com mais de 1000 pessoas e concluíram que aquelas que faziam exercícios ao ar livre apresentavam melhoras no humor e na autoestima.

Segundo os pesquisadores, apenas 5 minutos se exercitando em áreas verdes já são suficientes para a atividade apresentar os efeitos positivos.

Um estudo realizado na Universidade de Glasgow, na Escócia, com 2 mil voluntários fisicamente ativos, descobriu que pessoas que fazem exercícios ao ar livre ficam 50% mais felizes do que aquelas que passam horas dentro da academia.

Os pesquisadores analisaram ambientes naturais e não naturais para atividades que incluíam caminhadas, corrida e ciclismo, e descobriram que estar em torno de árvores e grama reduzia os níveis de estresse cerebral.

De acordo com outro estudo realizado pela Universidade de Glasgow, pessoas que fazem atividades físicas fora da academia sintetizam melhor a vitamina D.

Após estudos, pesquisadores do Reino Unido, concluíram que os adeptos de exercícios externos ficavam mais propensos a repetir a atividade dentro de um período do que aqueles que só frequentavam academia.

A explicação é que realizar exercícios ao ar livre estimula mais os sentidos, o que contribui com a motivação para repetir a atividade.

Um estudo feito na Universidade de Pittsburg, nos Estados Unidos, apontou que os pacientes que têm contato frequente com a luz do sol apresentam recuperação mais rápida e menos dor que os pacientes que não vão aos ambientes externos.

Esther M. Sterberg, fala em seu livro “The Science of Place and Well-Being” sobre os chamados espaços que curam.

A autora cita o caso de um pesquisador que em 1980 descobriu que pacientes que mantinham contato com a natureza recuperavam-se mais rápido que aqueles que não estavam inseridos neste ambiente.

A partir daí, constatou-se que a saúde do ambiente ou a humanização deste está diretamente ligada à saúde do corpo e mente.

Este tema não é tão moderno quanto parece, um dos maiores exemplos disso é o Hospital de La Santa Creu I Sant Pau, localizado em Barcelona.

Fundado em 1401, teve seu endereço transferido em 1902 para o distrito de Eixample, devido ao crescimento da cidade.

Em seu novo projeto, coordenado pelo arquiteto Lluís Domènech I Montaner, foram construídos 12 pavilhões, interligados.

Ao conceber a ideia do novo hospital, Lluís teve a preocupação de manter a luminosidade natural e a vegetação em diversos pontos da construção, garantindo assim a sensação de bem-estar entre os pacientes.

Umas das explicações que embasa esse novo conceito de arquitetura é a que o ambiente hospitalar quando humanizado afeta diretamente na recuperação de pacientes.

Sendo assim, propiciar um clima acolhedor, excetuando a frieza e impessoalidade comumente encontrada em unidades hospitalares, é uma preocupação latente entre gestores, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e arquitetos.

Projetar ambientes que tragam a sensação de conforto, acolhimento e impulsionem a recuperação deve ser uma das preocupações da gestão hospitalar moderna e humanizada.

A aplicação deste modelo de assistência humanizada contribui diretamente para o bem-estar dos pacientes, aumentando exponencialmente suas chances de recuperação.

 

Por Sabrina Donatti F. da Silva
Graduada em Fisioterapia pela Universidade São Francisco. Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Terapia Intensiva (CEPETI). Pós-Graduação em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Universidade Tuiuti. MBA em Gestão, Qualidade e Auditoria em Saúde pela Faculdade Inspirar. Diretora do Núcleo de Gestão e Qualidade da Prófisio Assistência Fisioterápica. Coordenadora de Fisioterapia Hospital do Trabalhador (Prófisio). Docente da Faculdade Inspirar.

 

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