“Apps” para emagrecer

Quem disse que perder peso é sempre algo chato? Conheça aplicativos e jogos de videogame interativos que podem ajudar na dieta

Os videogames não são os mesmos. Normalmente associados ao sedentarismo, eles agora prometem ajudar quem decide encarar uma dieta. O mesmo vale para os aplicativos (também conhecidos como “apps”) para tablets e smartphones.

Há um ano, a professora de educação física Natália Scremin começou a usar um aplicativo que funciona como contador de calorias. Ela anota as refeições e o programa faz a conta do que foi consumido. Resultado: baixou seu peso de 65 para 55 quilos. Natália pratica exercícios físicos três vezes por semana, mas acredita que o programa ajudou bastante na dieta. “Eu não preciso ficar anotando nada, é mais dinâmico, mais fácil. Eu desistiria mais rápido se não fosse ele”, diz ela.

A médica psiquiatra Jaque­­line Albieri Vieira de Mattos usou um desses aplicativos que conta calorias. “Faz diferença se você segue certinho. Mas tem que ter empenho, de ficar preenchendo e acompanhando”. Outro “app” de corrida ajudou Jaqueline a perder 5 quilos e a ganhar massa magra. O programa registra tudo o que acontece nos treinos: distância, velocidade, tempo. “Como não estou muito acostumada com a corrida, o aplicativo faz um plano pra mim”, diz ela. “É como se fosse um personal, falando o que você deve fazer.”

Ela corre junto com o marido, o empresário Nikelson de Mattos, que também perdeu peso (em torno de 3 quilos) desde que começou a usar o “app” em 2011. “O aplicativo serve para acompanhar e avaliar os treinos”, diz ele. Nikelson leva o novo hábito tão a sério que passou a disputar provas de rua. “A motivação para querer melhorar os índices é maior”.

Videogames

Os videogames interativos, que simulam práticas esportivas, também vêm conquistando adeptos. Os fabricantes dos consoles X-Box 360, Nintendo e Playstation 3 lançaram sensores (respectivamente, Kinnect, Wii e Move) que respondem aos movimentos de quem joga.

“Alguns estudos recentes sobre o Wii falam de um consumo médio de 190 calorias por hora de uso”, afirma o médico Esperidião Elias Aquim, chefe do setor de fisioterapia do Hospital Vita. Ele foi pioneiro no uso do videogame para o tratamento de pacientes. Segundo Aquim, a prática do videogame não tem contra-indicação, mas ele ressalta que emagrecer sem suar é praticamente impossível, mesmo com toda a tecnologia disponível.

Hora Da Gameterapia

O videogame sai da sala de estar e invadiu hospitais e clínicas, para ajudar na recuperação de pacientes

Imagine a seguinte situação: você vai ao médico e, como parte do tratamento, ele receita que você jogue videogame duas vezes ao dia. O que parece sonho para muitos viciados em games é realidade em um dos maiores hospitais de Curitiba. Desde 2009 o Hospital Vita usa jogos do Nintendo Wii na fisioterapia dos pacientes, é a gameterapia.

O videogame é indicado para pacientes cardíacos em recuperação e para pacientes com dificuldades motoras ou neurológicas. Um carrinho com uma televisão e o console do videogame percorre os corredores do hospital até o leito do próximo paciente.

O projeto existe desde 2009 e é pioneiro no Brasil. Mais de 300 pacientes já passaram pelo atendimento, cada um deles teve em média dois ou três dias de utilização, jogando em média duas vezes por dia.

O fisioterapeuta Esperidião Elias Aquim, chefe do setor de fisioterapia do hospital, avalia que o uso do videogame tem contribuído bastante para acelerar o processo de recuperação dos doentes.

“A gente percebe que os pacientes que usam o Wii melhoram a coordenação geral e ganho da massa”, diz ele. Um balanço desses três anos de funcionamento do projeto aponta que os doentes que fazem uso do Wii tem uma melhora de 15 % comparado a grupos que não fazem uso dos jogos.

Outros lugares fora do Paraná e do Brasil adotaram o sistema, que é cada vez mais frequente em clínicas de fisioterapia. “O hospital já realizou estudos em cima do uso do Wii na UTI e constatou que ele pode ser utilizado sem alterar a hemodinâmica do paciente, ou seja, ele é seguro. Ele é útil para melhorar a funcionalidade do paciente, para distração e muito para a melhora do equilíbrio”, diz a fisioterapeuta da UTI do hospital, Juliana Thiemy Librelato.

Os principais jogos são tênis e boxe, que melhoram a coordenação motora fina dos pacientes de pós operatório. Na UTI são utilizados o Wii Sport e o Wii Fit. “No Wii Sport utilizamos o controle para trabalharmos mais os membros superiores, e no Wii Fit conseguimos trabalhar o corpo inteiro por que o paciente vai em cima da plataforma. Então podemos trabalhar o ganho de força muscular, o ganho de equilíbrio, coordenação motora e etc.”, diz Juliana.

Outro benefício do videogame é que ele ameniza o sofrimento causado pelo ambiente hospitalar. “Quando um paciente vê o do lado fazendo, ele também quer fazer. Como não tem contra-indicação direta, não há problemas e o Wii acaba ajudando”, diz Esperidião Elias Aquim, para quem o jogo entrou na rotina do hospital, melhorando o aspecto lúdico do local.

A esteticista Rubia Centanini, 51 anos, foi iternada com dor torácida e nunca havia jogado videogame. Ela achou interessante o uso na terapia intensiva. Para ela o videogame é um momento de distração. “Ah, eu sou ruim nisso, mas sinto que o jogo me deixa mais ativa. Mexe com tudo no corpo”, afirma.

“Desde o começo os pacientes acharam muito legal a ideia. No inicio eles achavam que era apenas para distração. Então quando eles ficavam na UTI o videogame ajudava o tempo a passar mais rápido. Mas como começou a se utilizar também para ganho de força muscular e melhora da funcionalidade corporal, eles perceberam que algumas coisas mudaram. O que antes eles não conseguiam fazer, como escovar os dentes ou comer sozinhos por exemplo, eles passaram a conseguir”, revela a fisioterapeuta Juliana.

Mas os responsáveis pelo projeto lembram que a gameterapia não é válida sozinha. No hospital também são feitas outras atividades físicas básicas, como caminhadas ao ar livre e exercícios respiratórios.

*Colaborou João Carlos Fadino.

Publicado originalmente no caderno Viver Bem do jornal Gazeta do Povo.

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