Atuação da fisioterapia na artroplastia de quadril
As funções do quadril são de extrema importância para a independência de um indivíduo, pois sustenta o peso corporal e gera grande amplitude de movimento para a locomoção e realização de atividades.
O quadril é uma articulação diartrose do tipo esferoidal multiaxial e possui estabilidade máxima pelo encaixe da cabeça do fêmur com o acetábulo. Além disso, absorve grandes cargas e impacto no decorrer da vida.
Com o envelhecimento, o quadril pode sofrer diversas afecções e comprometer funcionalmente essa articulação. Uma delas é a osteoartrose (OA), a qual se caracteriza-se como uma doença de etiologia multifatorial, sendo uma injúria dolorosa das articulações proveniente da deficiência da cartilagem associada à sobrecarga mecânica, alterações bioquímicas da membrana sinovial ou de fatores genéticos.
A OA de quadril atinge 20% das pessoas com idade acima de 55 anos e, apesar de ser menos comum do que a OA de joelho, sua sintomatologia é frequentemente mais grave, pois leva a consequências que excedem a degeneração da cartilagem, estando diretamente relacionada com dor, rigidez articular e disfunção muscular.
O tratamento da osteoartrose tem como objetivo principal combater a sintomatologia, aliviar a dor, restabelecer a melhora funcional, mecânica e clínica dos pacientes acometidos, optando-se inicialmente pelo tratamento conservador através de medicamentos e fisioterapia. Em casos de falha no tratamento conservador é indicado tratamento cirúrgico através da artroplastia.
A artroplastia de quadril consiste na reconstrução da articulação do quadril através da colocação de uma prótese total ou parcial devido à degeneração ou desgaste dessa articulação. É um método cirúrgico que visa restaurar a funcionalidade da articulação acometida, visando a melhora da dor e o retorno às funções.
As próteses podem ser feitas de diversos materiais como metal, cerâmica, titânio e polietileno, podendo a artroplastia ser total, quando ocorre a substituição do componente acetabular e femoral ou parcial, quando apenas o componente femoral é substituído.
Tipos de Prótese:
- Cimentada – em que se usa cimento ósseo para fixar o componente acetabular na pelve e o componente femoral no fêmur.
- Não-cimentada – a fixação de seus dois componentes (acetabular e femoral) ocorre diretamente nas superfícies ósseas.
- Híbrida – o componente acetabular é fixado na pelve através de parafusos e o componente femoral é fixado com cimento ao fêmur.
- Endopróteses – consiste na substituição de grandes segmentos ósseos.
As cirurgias na articulação do quadril estão entre as principais executadas na ortopedia e muitas formas de acessos foram descritas para a realização da artroplastia de quadril, sendo os mais comuns: acesso ântero-lateral, acesso lateral e acesso póstero-lateral.
O tipo de prótese, material, bem como a via de acesso escolhida são avaliados pelo cirurgião de quadril, que vai optar levando em consideração as particularidades de cada paciente.
A fisioterapia é um procedimento fundamental na reabilitação de pacientes pós artroplastia de quadril e deve ser iniciada precocemente após a cirurgia. A atuação inicial, na fase hospitalar, consiste em retirar o paciente do leito o mais breve possível, orientar quanto aos cuidados no pós-operatório, restabelecer amplitude de movimentos e força muscular, reduzir co-morbidades, prevenir complicações motoras e respiratórias, recuperar o equilíbrio e a marcha, facilitar a retomada de confiança e segurança do paciente e reduzir o tempo de internação.
As atividades incluem exercícios respiratórios; promoção de integração sensório-motora e cognitiva; mobilização dos membros inferiores (MMII); isometrias de quadríceps e glúteos; profilaxia circulatória; posicionamento dos MMII em abdução e treino de marcha com andador.
O fisioterapeuta deve enfatizar ao paciente os cuidados com movimentos que podem facilitar o mecanismo de luxação de prótese e portanto devem ser evitados, como a rotação interna do quadril, adução além da linha média, e flexão do quadril acima de 90º.
Algumas complicações podem ocorrer após a cirurgia de artroplastia de quadril. Elas podem ser de origem ósteo-articular (fratura do fêmur, luxação da prótese), neurológica (neuropraxia, axoniotmese, neurotmese), circulatória (tromboembolismo venoso) ou secundárias a infecções.
Realizar um bom tratamento fisioterapêutico no pós-operatório é fundamental para a recuperação total do indivíduo, proporcionando sua independência, retorno às atividades e melhora da qualidade de vida.
Por Maria Eduarda N A Cocchieri
Fisioterapeuta pela Universidade de Vila Velha – ES
Especialista em Fisioterapia Hospitalar pela Faculdade Inspirar – PR
Fisioterapeuta Coordenadora do Serviço de Fisioterapia Prófisio – Unidade de Internamento do Hospital Marcelino Champagnat
Prática clínica em pós-operatório das artroplastias de quadril e de joelho
Docente Faculdade Inspirar
Referências
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