Você já ouviu falar da Bronquiolite ou Síndrome do Bebê Chiador?
Ela é uma síndrome infecciosa viral, geralmente causada pelo VSR (Vírus Sincicial Respiratório), em 75% dos casos.
Trata-se de um comprometimento inicial do trato respiratório superior que evolui para manifestações do trato inferior, comprometendo, principalmente, os bronquíolos.
É um distúrbio obstrutivo de gravidade variável representado pela inflamação destas pequenas vias aéreas.
A bronquiolite afeta, exclusivamente, crianças até os 2 anos de idade, mais frequentemente entre 2 e 10 meses e sua incidência é de 20 a 25 casos a cada 100 crianças por anos, aproximadamente.
O vírus possui um aspecto de sazonalidade bastante importante, ele é mais frequente nos períodos em que as temperaturas se apresentam mais baixas.
A Bronquiolite é uma patologia contagiosa com risco de 1 ou 2% de a criança ser hospitalizada; dentro desta população, 15% pode necessitar de Unidade de Terapia Intensiva, desenvolve-se desconforto respiratório agudo em 5% dos casos e 1 a 3% podem evoluir a óbito.
Sendo assim, entramos em um período sugestivo para discutir alguns aspectos deste distúrbio. Uma das maneiras de evitar o desenvolvimento da doença é evitar o contato da criança com outras pessoas com IVAS (Infecções de Vias Aéreas Superiores), o que é bastante comum nas crianças que frequentam creches escolares; higienizar as mãos com álcool 70% e evitar ambientes fechados.
A criança com bronquiolite apresenta-se, inicialmente com os sintomas de uma doença comum das vias aéreas superiores, sendo eles: febre, coriza, dificuldade nas mamadas e/ou alimentação e tosse.
Com a evolução, os sinais podem se agravar com a presença da dispneia, sibilos expiratórios (por isso o nome de Síndrome do Bebê Chiador) audíveis até à distância, tosse inicialmente seca e depois produtiva, hiperinsuflação e esforço respiratório podendo chegar a fadiga muscular e evoluir para a utilização de ventilação mecânica.
O acompanhamento fisioterápico na bronquiolite torna-se uma terapia adjuvante ao tratamento clínico.
Por ser um distúrbio obstrutivo, as técnicas de higiene brônquica são muito bem-vindas, no entanto, as terapias que utilizam ondas de choque devem ser evitadas para não aumentar a hiper-reatividade brônquica caso esta seja uma condição presente no quadro clínico da criança.
A reversão e/ou a profilaxia de processos atelectásicos também fazem parte do tratamento fisioterápico.
Vale ainda salientar que como a doença acomete crianças que apresentam-se em constante desenvolvimento neuro-psico-motor, a fisioterapia deve atuar o mais precoce possível para que o mesmo não seja prejudicado ou retardado.
Infelizmente, na literatura, ainda há muita controvérsia sobre a real eficácia da atuação da fisioterapia na bronquiolite, pois poucos são os estudos randomizados ou controlados.
No entanto, a fisioterapia respiratória tem sido utilizada para desobstrução, higiene brônquica, prevenção de atelectasias e recrutamento alveolar, pois contribui para diminuição da resistência das vias aéreas, promovendo melhor ventilação-perfusão (através dos canais colaterais) e consequentemente, diminuindo o trabalho ventilatório, pela remoção do excesso de muco que se acumula nas vias aéreas das crianças nestas condições.
Por Juliana Thiemy Librelato
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva
Especialista em Fisioterapia em Neo-Pediatria
Fisioterapeuta da Profísio Assistência Fisioterápica
Professora da Faculdade Inspirar
Referências Bibliográficas
- Princípios e práticas de ventilação mecânica em pediatria e neonatologia / George Jerre Vieira Sarmento. Barueri, SP: Manole 2011.
- Fisioterapia respiratória em pediatria e neonatologia / George Jerre Vieira Sarmento, Fabiane Alves de Carvalho, Adriana de Arruda Falcão Peixe. Barueri, SP: Manole 2007.
- Luisi, F. O papel da fisioterapia na bronquiolite viral aguda. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 39-44, jan./mar. 2008